quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma oração há muito tempo esquecida

Deus, eu sei que não tenho um histórico muito interessante com vossa pessoa, mas se hoje eu lhe dirijo a minha voz, é porque eu não sei mais onde buscar conselho.

Por favor, por favor, por favor, ajude-me! A aflição de minha alma me sufoca, me cega, seca minha boca, deixa bambas as minhas pernas...
Cada queda que sofro, quebro um membro do meu corpo e a caminhada torna-se mais difícil pois eu acabo tendo que me arrastar... Estou quase que recorrendo a amputação desses membros...
Feridas abertas, sangue jorrando de um lado e coagulado de outro. Descobri que eu não me curei da primeira agressão.
Estou sendo torturada há 9 anos consecutivos. Estou presa numa caverna, sem luz, sem alimento, sem agasalho, sem descanso, sem perspectiva... A minha dúvida nesse minuto é se já nasci uma mulher absurda ou se eu me tornei assim com o passar do tempo.
Estou me sentindo esfacelada, arruinada... Estou ouvindo o barulho do meu pó tocando o chão...
Os meus valores, os meus conceitos estão sendo postos à prova e eu estou perdendo, estou me contradizendo, estou me traindo...
Eu quero morrer, morrer imediatamente!
Após o café da manhã, dentro da minha biblioteca, lendo Noites brancas do Dostoievski antes de chegar ao fim.... Pois é nisso que acredito, mas o motivo de minha fé não existe, então eu não devo existir também...
Texto muito interessante e verdadeiro que encontrei na Internet, o qual desconheço a autoria, e não define quem sou eu, mas define algumas pessoas as quais já tive o desprazer de conhecer:

"O cafajeste não se apaixona, encarna a fantasia feminina. Transmite a falsa impressão de ser compreensivo por não se importar com o que sua parceira faz ou com quem anda, já que possui muitas outras e não quer compromisso. A procura somente para o sexo e a esquece por um longo tempo em seguida, fazendo-a oscilar entre a esperança e o desespero. Não a bajula, não é pegajoso. É distante e misterioso, já que precisa ocultar sua vida, suas intenções e o que faz. Tem todos os ingredientes de um amante perfeito."

Eu não sou um cafajeste, mas já perdi a conta de quantos conheci...

sábado, 12 de junho de 2010

A mulher que não sabia porque sofria

Era uma vez uma mulher. Uma mulher que sofria. Ela não sabia porque sofria, mas sofria muito. E queria saber porque motivo ela sofria tanto.
Um dia, ela descobriu que sofria porque deixava as coisas de fora afetarem as de dentro. Mas como isso? Que coisas de fora e que coisas de dentro? E como afetavam? E porque só afetavam para fazer sofrer?
Ela ficava pensando nisso sempre, o tempo todo. Ela pensava tanto que já tinha seu tempo fora e longe do tempo...
Aconteceu que, num dia, ela teve que sair de sua casa para produzir textos reflexivos sobre o amor, a morte e o sofrimento da vida. Ela ia pelo caminho pensando nesses temas e sofrendo...
Quando ela passou em frente a um posto de conveniência, viu jogado na calçada um cachorro morto por atropelamento todo retorcido e com a boca ensaguentada... Ela sofreu tanto que chegou a conclusão de que aquele era o mais simples porém mais doloroso sofrimento que ela já havia experimentado.... E viu que sofria porque as coisas de fora afetavam as coisas de dentro.
Ficou tão atordoada com esses pensamentos que, ao atravessar a rua, não percebeu o caminhão que vinha em sua direção e sem possibilidade de reduzir a velocidade...
Seu corpo foi lançado longe num vôo macabro e ao cair, sua cabeça bateu com toda força ao chão, abrindo o seu crânio....
No momento em que seu cérebro ficou exposto à luz solar, ela entendeu porque as coisas de fora afetam as de dentro...