Enterrei o meu amor por ele. Enterrei-o vivo. Junto dele, enterrei minha vida, minha alegria, meu sorriso, meu sonho. Porque meu amor por ele era um sonho. E sonhos não passam de desejos inconscientes que se manifestam quando estamos dormindo.
Ao destruir esse amor, eu estaria acordando e vivendo a realidade imposta a mim, considerando-se que eu não tenho livre-arbítrio. Porque se eu tivesse livre-arbítrio eu teria o poder de tê-lo. Ou então, poderia buscar o meu fim fatal sem temer a penúria eterna. Mas, eu não tenho livre-arbítrio. E não posso tê-lo. E não posso sonhar, pois minha consciência me perturba ao me mostrar que a verdade é relativa. A verdade é relativa a mim e à minha dor. Minha dor dói tão intensa que já não a sinto. Eu o amo tanto que ele já nem sente. Não conheço o desespero pois comparado à minha dor, ele é limitado. Só sei que morro a cada dia... Morro quando o vejo e tenho vontade de enterrá-lo.
A minha vida racional não combina com seus passos alterados. O meu amor não serve para ele; na verdade, o meu amor o serve. Não nasci para ser escrava de semi-deuses. Antes enterrada viva do que vassala.
Renuncio agora a minha loucura. Preciso manter-me em pensamentos e não em devaneios. Ir-me-ei como se apaga a frágil chama de uma vela numa chuva fria. E meu amor por ele será enterrado vivo para que morra de forma cruel e violenta a ponto de chocar o que é humano.
É mais difícil acabar com o que faz mal do que com o que faz bem. Vou acabar com ele!
Não o amo mais...
Sandman
Há 10 anos

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